[BS] Uma análise sobre partidos

Day 2,400, 13:36 Published in Brazil Brazil by Dio Vigon




Olá, pessoal!

Hoje vou escrever a respeito do que eu considero a parte mais importante da política interna de qualquer país: os partidos. Ao longo desses sete anos de eRepublik, a função dos partidos mudou um pouco, principalmente quando mudaram as versões do jogo (beta, V1, V2 e new) e, embora isso tenha pouca influência no jogo atual, as mudanças serviram para moldar a nossa comunidade ao longo do tempo.



As grandes hegemonias do passado

Ao contrário do que temos hoje, já tivemos dois grandes períodos hegemônicos na política do eBrasil.


O primeiro deles, o PDB, nasceu em 2008, com a galera do Hardmob, que transformou o Partido Democrata Brasileiro no maior rolo compressor eleitoral que já se viu na história. Com um sistema rígido de participação e valorização de seus membros, o partido se tornou não apenas uma máquina eleitoral, mas também um celeiro para grandes jogadores. Fundado há exatos 6 anos, o partido elegeu 14 presidentes e uma quantidade inigualável de congressistas. Além disso, o partido chegou a ser o 3º maior do mundo, com mais de 2200 membros em 2010, marca praticamente impossível de ser batida hoje, não só no eBrasil. O modelo hierárquico do PDB era contestado por alguns partidos rivais, mas se mostrou bastante eficaz, principalmente nos processos de construção de equipes governamentais, já que foi o partido que iniciou a política de não permitir que seus membros participassem de chapas de oposição. Faleceu em 2012, quando seus principais expoentes já haviam parado de jogar ou entrado no modo 2 clicks.


O segundo deles, o ODIN, nasceu em 2010, fruto de um projeto de alguns jogadores experientes que visavam construir um partido de especialistas políticos, a partir de um núcleo menos popularizado de membros, mas que obtivessem a eficácia necessária para legislar e governar adequadamente. Por isso, foi batizado como Organização em Defesa dos Interesses Nacionais. O partido não teve a mesma longevidade que seu antecessor, mas obteve resultados muito expressivo em pouco mais de dois anos de existência, com 15 presidentes eleitos. O partido, que chegou a ser o maior do país antes de ser extinto, não tinha essa pretensão no início, pois já elegia presidentes e era cotado nas decisões políticas do país antes mesmo de chegar ao TOP 5. Talvez, a decadência do partido tenha ocorrido justamente com sua homogeneização em relação aos outros partidos do país. Além, é claro, da saída de vários de seus jogadores mais experientes, o que fez o partido perder a essência.

Hoje, embora tenhamos um partido com mais membros que o resto, a política do país aparenta estar mais equilibrada do que antigamente, o que de fato traz benefícios e malefícios.


congressistas eleitos até o dia 1527




A dicotomia natural

Quem jogou eRepublik pelo menos até a V1, sabe que as ideologias da RL tinham grande influência na política do eBrasil, com jornalistas e políticos com viés socialista se degladiando em artigos contra outros de igual qualidade, mas que defendiam o livre mercado e a menor influência estatal. Esses tempos não voltam mais, não porque não haja mais gente de direita ou esquerda no jogo, mas porque o eRepublik não permite, há alguns anos, qualquer tipo de flexibilização política. O socialismo da União Socialista Brasileira ou o liberalismo do Progressistas são, hoje, mera perfumaria.




Por isso, a dicotomia do eBrasil, que antes tinha cunho ideológico, mesmo que acompanhado de tantos outros elementos, hoje já não tem mais o mesmo peso, pois, salvo algumas práticas bastante particulares, os partidos passaram por um processo bastante homogêneo.

A disputa saiu do campo das ideias, das teorias e dos projetos e passou a ser uma mera disputa entre multidões, entre grupos, restritos ou não, que apenas intencionam os holofotes. Não é, porém, um demérito para nenhum dos agentes políticos atuais. O jogo foi gradualmente exigindo essa mudança. Antigamente, abrir totalmente ou fechar totalmente o mercado do país era um debate para meses, hoje é uma questão estritamente financeira: abre quando precisa, fecha quando precisa.

A transformação de jogadores em grandes tanques, mais fortes até do que muitas nações - graças ao pesado investimento de dinheiro real em barrinhas de energia - também tirou o valor de boas ideias. Qualquer um com disposição e dinheiro suficiente ganha notoriedade e importância do dia pra noite e acaba, naturalmente, influenciando uma legião de outros jogadores. Com essas mudanças do jogo, morreu a dicotomia natural das ideologia e, em meio à homogeneização dos partidos, nasceram pessoas influentes no campo de batalha e, consequentemente, na política.



Eleição ao congresso: a mudança global

Em setembro de 2012, o eRepublik promoveu uma mudança no formato das eleições ao congresso que gerou consequências mundiais.

O formato antigo exigia que um indivíduo se candidatasse em uma região e se elegeria se fosse um dos mais votados da mesma. Exemplifico: se o Brasil só tivesse 2 regiões (Sudeste e Nordeste), teria 20 vagas ao congresso. Nesse caso, seriam 10 vagas pelo Sudeste e 10 vagas pelo Nordeste. Cada partido poderia ter até 10 candidatos em cada uma das duas regiões e se elegeriam os 10 mais votados de cada uma das regiões. O voto não era no partido, mas no candidato.

O novo formato, que perdura até hoje, deu aos presidentes de partido o controle absoluto de quem se elege ou não pelo partido, pois cabe a ele definir a ordem da lista de candidatos e, como todos sabem, quem está no começo da lista tem maiores chances de se eleger, pois o voto vai para o partido e não para o candidato.

Não julgando se o método antigo era melhor que o novo ou vice-versa, mas o fato é que a mudança trouxe consequências ao eRepublik. Em todos os países, partidos de fora do TOP 5 começaram a crescer desenfreadamente, na maioria dos casos, motivados por PPs interessados em se eleger facilmente ao congresso, pois não mais era necessário ser bem votado em determinada região, mas sim ser o primeiro da lista do partido.

O eBrasil, como vários outros países do jogo, demorou para se adaptar ao novo sistema e a frear o crescimento artificial de partidos. Entretanto, devido ao nosso período de wipe prolongado, hoje não temos sequer 5 partidos plenamente formados e em atividade. O risco, embora hoje haja pouco interesse estrangeiro em nos dar TO, é que haja um presidente de partido mal intencionado, como já ocorreu com o PM em 2010 (quando o Suriat renomeou o partido para “We Love Suriat” e se colocou como candidato a presidência) ou com o SPARTA em 2013 (quando os argentinos elegeram um fake, mas nós conseguimos bani-lo rapidamente e recuperar o partido).

Aos membros dos partidos é importante saber que todo o poder da legenda resta nas mãos do PP. Se elege para o congresso quem ele quiser, se candidata a CP quem ele quiser. Por isso, é importante escolher alguém que, mais do que ser ativo e disposto, escute e respeite as decisões coletivas dos partidários.



O voto partidário

Salvo algumas raríssimas exceções ao longo da história, um candidato a CP que recebe apoio de um partido recebe quase integralmente os votos daquela legenda. Na vida real, as alianças políticas existem para aumentar o tempo de exposição na TV, aumentar a influência política do candidato e, depois de eleito, para governar com maioria legislativa. No eRepublik, a influência eleitoral das alianças é direta e, dificilmente, a maioria perde uma eleição.

Assim como existe a importância de apoiar alguém que você quer eleger, também é possível “ficar neutro” para eleger alguém. Eu mesmo já passei por essa experiência, quando fui candidato e o PP do PDB na época, contrário à minha candidatura mesmo com decisão de apoio do partido, “esqueceu” de colocar apoio ingame (era o maior partido da época) e a eleição foi perdida por meros 20 votos. Os partidos, portanto, são instrumento político de quem os controla. É natural que isso aconteça.




A tendência do equilíbrio

Salvo alguns momentos em que um ou outro partido conseguiu se destacar, nunca houve no eBrasil uma hegemonia contínua e imbatível. A própria vantagem do PDB e do ODIN era sempre interrompida por bons momentos políticos de sua oposição - o PDB com as eleições da USB e da UB e o ODIN com a constante oposição da exinta ANP. O fato é que, se analisarmos de forma bastante matemática, os partidos, em especial os do top 5, sempre tendem ao equilíbrio.

Eu tenho uma teoria para isso, embora não tenha como comprovar sua veracidade, mas nenhum partido funciona muito bem com poucos membros ativos e nem com muitos membros ativos. Já vi muitos jogadores saírem de partidos super ativos e migrarem para legendas de menor destaque (ou até criar uma nova) por falta de visibilidade. É normal que exista pequenas panelinhas nos partidos, que geralmente são formadas por afinidade ou até por necessidade (e espontaneamente). Isso marginaliza outros membros e os deixa descontentes.

Eu me lembro de alguns exemplos: meu amigo Sortier saiu do PDB, partido que estava no auge, para fundar o Progressistas comigo e “ter voz própria”. O saudoso Aritex saiu do ODIN, que também estava no auge e foi para a ANP, pois não “via futuro” estando no partido. Assim como já tivemos gente saindo do PM por causa da rigidez das regras ou do ARENA por causa da concentração de poder. Como eu disse, esse é um movimento político natural.

O fato que me deixa curioso é que hoje, recuperado o nosso congresso, nossos partidos ainda não se equilibraram. O que me leva a crer que isso acontecerá em breve. Temos ARENA, FENIX, Partido Militar e SPARTA consolidados. PSOL, hoje o quinto partido da lista que concorre ao congresso, não apresenta uma forma definida e essa parece ser uma lacuna que vai ser preenchida de alguma forma. Seja com o fortalecimento do partido, seja com o crescimento do PS ou do MPB ou seja com o nascimento de alguma outra legenda. O fato é que do jeito que está, dificlmente vai ficar.



Aonde você quer chegar?

Alguns podem estar se fazendo essa pergunta: onde essa ovelha velha quer chegar desta vez? Mas eu, pessoalmente, não vou a lugar algum. Só quis aproveitar a oportunidade para falar um pouco sobre o jogo e, quem sabe, instigar a curiosidade política de quem está a pouco tempo no eRepublik e não conhece muito da mecânica e da história do nosso país.

Temos que lembrar que junto com o congresso veio a responsabilidade de reconstruir o país e temos que fazer isso corretamente, para que os novos jogadores do país se desenvolvam e possam servir o eBrasil com excelência.





Um abraço,
Vigon,
a Ovelha Negra do eBrasil

In Omnia Paratus