Espelho meu, há MoF melhor que eu?

Day 2,160, 16:56 Published in Portugal Portugal by Nuno Vieira
Nosso caráter é o resultado da nossa conduta.
Aristóteles


Esta frase é sem dúvida algo que podemos tentar combater mas que no final não podemos contrariar. Somos julgados pelo que demonstramos e não pelo que pensamos estar a demonstrar, o que podem ser coisas bastante diferentes sem nos apercebermos.

Em política é comum isso acontecer, tal como se verifica com o actual Ministro das Finanças, o qual se auto intitula como o melhor (ou dos melhores) que por cá passaram nessa pasta. Não tenho forma de o contradizer, até porque pouco conhecimento tenho do seu trabalho e da dificuldade do mesmo, a única coisa que é para mim óbvia, e sei porque vislumbro com estes olhos, é que cada vez que o dito Ministro resolve escrever nos média, seja em artigos próprios ou comentários, acaba por demonstrar uma certa falta de clareza política e noção do espaço e do tempo. Um Ministro, por mais excelente que seja, não pode nem deve “lavar a roupa suja” em artigos e muito menos pode utilizar os jornais públicos para atacar ou responder a cidadãos em nome próprio.
Eu, que pouco conheço o Ministro e até ouvi coisas positivas acerca do seu trabalho, acabo por ler uns artigos e a única coisa que me vem à memória é a fraca maneira com que o mesmo lida com a critica e a forma como o faz. Nesse momento acabei de esquecer que tinha até ouvido coisas positivas a seu respeito.

O que me espanta mais é que o CP permita que isto aconteça debaixo do seu nariz, não tendo demonstrado a capacidade necessária de prever os acontecimentos e deixando este tipo de coisas acontecerem, especialmente em resposta a um artigo de um partido político, o que torna a situação bastante mais lamentável. No mês transacto a comunicação foi deficiente e neste, ao primeiro embate com um partido político, espalham-se ao comprido. Apesar de ser um Ministério e uma pessoa só, o que passa para a opinião pública é a má imagem deixada pelo Governo no que toca à critica. É totalmente impensável que isto seja aceitável até porque um ambiente de guerrilha política só benefecia os grupos demagógicos e impedem a salutar confrontação do governo acerca das suas medidas, levando a que o essencial que é a informação do cidadão não seja execuível.
Estou de certo modo convencido que o CP tirou as devidas ilações deste episódio e que decerto ficou mais consciente da necessidade de exercer uma maior controlo político sobre a gestão dos ministérios.

Esta minha visão que aqui deixo explicita é o ponto de vista de quem não vai ao IRC com regularidade e se centra basicamente nos artigos que lê e nas posições que observa. É também a visão de quem não tem de mandar qualquer PM a nenhum ministro ou outro agente político para ser informado, basta cá estar e absorver a informação. Ao contrário do que o MoF diz, os cidadão têm de ser informados e não ter de mendigar por informação básica de governação, sempre foi assim e sempre será por mais que tentem nega-lo, até porque a maioria dos cidadãos Portugueses não usa IRC mas continua a pagar impostos e votar em eleições que acabam por eleger quem diz que se querem informação que a vão procurar. Ter a noção que se governa para um número limitado de cidadãos é uma ideia fechada e um total desrespeito pela comunidade em si.

Com isto tudo fiquei contente por ver um partido político a exercer aquilo que é a sua génese, ou seja, a confrontação do governo. Na generalidade os governo são substancialmente melhores se tiverem uma oposição também ela mais valorizada e direccionada para o essencial. Todos estavamos fartos de demagogias e jogos de interesse, fundeados em actos eleitorais circundados com compras de votos e aliciamento de militancia. Entendo que os partidos, pelo menos os mais expressivos, devem aproveitar esta deixa e também eles centrarem-se na sua verdadeira essência começando a delinear estratégias próprias e defende-las perante a sociedade.

Não me quero alongar muito sobre as questões relacionadas com os partidos pois pretendo faze-lo num artigo próprio e não aqui.


Obrigado
Nuno Vieira